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Fisiopatologia da Doença Renal Crônica (DRC) – Guia para Enfermeiros

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A Doença Renal Crônica (DRC) é uma condição progressiva caracterizada pela perda gradual e irreversível da função renal. O reconhecimento precoce dos mecanismos fisiopatológicos é essencial para enfermeiros que atuam no cuidado de pacientes com DRC, permitindo intervenções eficazes e melhor acompanhamento clínico.


Etiologia e Fatores de Risco


A DRC pode ser causada por condições como diabetes mellitus, hipertensão arterial, glomerulonefrites crônicas, doenças autoimunes (lúpus eritematoso sistêmico) e nefropatias hereditárias (como a doença renal policística). A combinação de múltiplos fatores, incluindo idade avançada, histórico familiar e uso crônico de medicamentos nefrotóxicos, aumenta o risco de progressão da doença.


Mecanismos Fisiopatológicos


  1. Lesão Renal Inicial

    A agressão inicial ao tecido renal (glomerular, tubular ou vascular) desencadeia uma resposta inflamatória e imunológica. Isso leva à formação de cicatrizes (esclerose glomerular e fibrose intersticial), comprometendo a função do néfron.


  2. Hipertrofia e Hiperfiltração Compensatória

    Com a perda de néfrons funcionais, os néfrons remanescentes entram em um estado de hiperfiltração, tentando compensar a função renal comprometida. Esse mecanismo aumenta a pressão intraglomerular, levando a mais lesões e acelerando a perda de função renal.


  3. Redução Gradual da TFG (Taxa de Filtração Glomerular)

    A DRC é classificada em estágios de acordo com a TFG:

    • Estágio 1: TFG ≥ 90 mL/min/1,73 m² (com lesão renal evidente)

    • Estágio 2: TFG 60-89 mL/min/1,73 m²

    • Estágio 3: TFG 30-59 mL/min/1,73 m²

    • Estágio 4: TFG 15-29 mL/min/1,73 m²

    • Estágio 5: TFG < 15 mL/min/1,73 m² (doença renal terminal)


  4. Acúmulo de Substâncias Tóxicas

    Com a redução da função excretora dos rins, há retenção de produtos nitrogenados (ureia, creatinina) e substâncias tóxicas. Isso contribui para o desenvolvimento da uremia, que pode afetar múltiplos sistemas, incluindo o cardiovascular, neurológico e hematológico.


  5. Alterações Hidroeletrolíticas e Ácido-Base

    • Hiperpotassemia: O rim comprometido não consegue excretar potássio adequadamente, levando ao risco de arritmias cardíacas.

    • Hiponatremia: Pode ocorrer por retenção de água.

    • Acidose metabólica: O rim falha em excretar íons hidrogênio e regenerar bicarbonato, resultando em acidose, que contribui para a desmineralização óssea e catabolismo proteico.


  6. Distúrbios Hormonais

    • Anemia: Causada pela redução da síntese de eritropoetina, levando à diminuição da produção de glóbulos vermelhos.

    • Hipocalcemia e Hiperfosfatemia: O rim com função prejudicada não excreta adequadamente o fósforo e não ativa a vitamina D, resultando em hipocalcemia. Essas alterações estimulam a secreção de paratormônio (PTH), levando ao hiperparatireoidismo secundário e ao comprometimento ósseo (osteodistrofia renal).


Implicações para a Prática de Enfermagem


O enfermeiro desempenha um papel fundamental no manejo da DRC, incluindo:


  • Monitoramento de sinais e sintomas: Avaliação rigorosa de sinais de sobrecarga hídrica, hipertensão arterial, alterações neurológicas e distúrbios eletrolíticos.

  • Educação do paciente: Orientação sobre a adesão ao tratamento, controle da dieta (restrição de sódio, potássio e proteínas) e importância da hidratação adequada.

  • Prevenção de complicações: Acompanhamento de infecções, controle rigoroso da pressão arterial e diabetes mellitus, e adesão ao uso de medicamentos prescritos.

  • Cuidados paliativos: Nos estágios avançados da DRC, o enfermeiro também oferece suporte emocional e cuidados paliativos ao paciente e à família.


Conclusão


A DRC é uma condição multifatorial complexa, que exige uma abordagem multidisciplinar. O papel do enfermeiro vai além da assistência técnica, englobando a educação do paciente e a prevenção de complicações. Compreender a fisiopatologia da DRC permite ao enfermeiro prestar um cuidado integral e baseado em evidências, contribuindo para a melhora da qualidade de vida dos pacientes.


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