Segundo diretrizes internacionais, incluindo a Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), uma pressão arterial consistentemente igual ou superior a 140/90 mmHg requer atenção médica e, em muitos casos, tratamento.
O que é pressão arterial?
A pressão arterial é definida como a força que o sangue exerce sobre as paredes das artérias durante a circulação. Ela é determinada por dois fatores principais: o débito cardíaco (a quantidade de sangue que o coração bombeia) e a resistência vascular periférica (resistência encontrada pelo sangue ao fluir pelas artérias). Essa medida é expressa em milímetros de mercúrio (mmHg) e apresenta dois valores:
Pressão Sistólica: que indica a pressão nas artérias quando o coração se contrai (sístole).
Pressão Diastólica: que reflete a pressão nas artérias quando o coração está relaxado entre os batimentos (diástole).
O significado de 140/90 mmHg
O valor 140/90 mmHg é amplamente aceito como o ponto de corte para o diagnóstico de hipertensão arterial. Segundo diretrizes internacionais, como a Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC), e nacionais como da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e do Ministério da Saúde (MS), essa leitura representa o limiar para o início de medidas de controle, pois está associada a um risco elevado de complicações cardiovasculares.
Pressão sistólica de 140 mmHg
Uma pressão sistólica de 140 mmHg indica que, durante a sístole, a pressão nas artérias está elevada. Quando esse valor é atingido ou ultrapassado, o coração trabalha com mais força para bombear sangue, o que aumenta o risco de hipertrofia ventricular esquerda e de eventos cardiovasculares graves, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
Pressão diastólica de 90 mmHg
A pressão diastólica de 90 mmHg indica que, mesmo durante a diástole, a pressão nas artérias continua alta. Esse nível elevado de pressão diastólica está relacionado a danos crônicos nos vasos sanguíneos, aumentando o risco de doenças como insuficiência renal.
Atualizações recentes
As Diretrizes Brasileiras de Medidas da Pressão Arterial Dentro e Fora do Consultório – 2023 (SBC) trazem informações essenciais sobre como monitorar a pressão arterial de forma eficaz e o diagnóstico preciso da hipertensão:
1. Medição da pressão arterial no consultório
No ambiente clínico, as medições de pressão arterial devem seguir um protocolo rigoroso para garantir leituras precisas. As diretrizes de 2023 reforçam que:
A pressão arterial deve ser medida após um período de descanso de 3 a 5 minutos.
O paciente deve estar sentado, com os pés apoiados no chão e o braço ao nível do coração.
O uso de equipamentos validados e calibrados é essencial para garantir a precisão das medições.
São recomendadas, pelo menos, duas medições em cada consulta, com um intervalo de 1 a 2 minutos entre elas. A média dessas medições é o valor considerado para diagnóstico.
2. Monitorização fora do consultório
Uma das principais inovações das diretrizes brasileiras de 2023 é a ênfase no uso de medições fora do consultório para um diagnóstico mais preciso, evitando a hipertensão do jaleco branco (pressão alta apenas em ambientes clínicos) e a hipertensão mascarada (pressão normal no consultório, mas elevada fora dele). As duas principais técnicas são:
Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA): É um método que mede a pressão arterial ao longo de 24 horas, enquanto o paciente realiza suas atividades diárias normais. É considerado o padrão-ouro para o diagnóstico de hipertensão, pois fornece uma visão abrangente da variação da pressão arterial ao longo do dia e da noite. De acordo com as diretrizes, um valor médio de MAPA igual ou superior a 130/80 mmHg já indica hipertensão.
Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA): Consiste na medição da pressão arterial pelo próprio paciente em casa, geralmente ao acordar e antes de dormir, por um período de 5 a 7 dias consecutivos. Para o diagnóstico de hipertensão, as diretrizes brasileiras consideram valores médios de MRPA iguais ou superiores a 135/85 mmHg como indicativos de hipertensão.
Esses métodos são fundamentais para identificar casos de hipertensão mascarada e para confirmar o diagnóstico de hipertensão detectada em consultório, especialmente em pacientes com fatores de risco.
Diretrizes do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde também reforça a importância do monitoramento regular da pressão arterial para prevenção e diagnóstico precoce da hipertensão, de acordo com as diretrizes nacionais e internacionais. As principais recomendações incluem:
Mudanças no estilo de vida: A prevenção da hipertensão deve começar com mudanças no estilo de vida, como:
Redução do consumo de sal a menos de 5 gramas por dia.
Adoção de uma dieta rica em frutas, vegetais e alimentos integrais.
Prática de atividade física regular (150 minutos de exercício por semana).
Redução do consumo de álcool e eliminação do tabagismo.
Tratamento medicamentoso: Para casos de hipertensão confirmada (≥140/90 mmHg no consultório ou ≥135/85 mmHg em medições fora do consultório), o MS recomenda o uso de medicamentos, como diuréticos tiazídicos, inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), bloqueadores dos receptores de angiotensina II (BRA) e bloqueadores dos canais de cálcio (BCC), além de acompanhamento regular com profissionais de saúde.
O impacto da hipertensão nos órgãos alvo
A hipertensão, especialmente quando os valores são iguais ou superiores a 140/90 mmHg, pode causar danos a órgãos vitais, como o coração, cérebro, rins e olhos. As Diretrizes Brasileiras 2023 destacam o papel das medidas de controle para evitar o desenvolvimento de complicações graves, como:
Coração: o aumento da pressão arterial eleva o risco de insuficiência cardíaca e infarto do miocárdio, ao forçar o coração a trabalhar mais.
Rins: a pressão arterial elevada é uma das principais causas de doença renal crônica, danificando os pequenos vasos sanguíneos nos rins.
Cérebro: hipertensão não controlada pode levar a AVCs e à demência vascular, prejudicando o fluxo sanguíneo cerebral.
Olhos: a retinopatia hipertensiva pode resultar em danos à visão, devido à pressão elevada sobre os vasos sanguíneos da retina.
Conclusão
O valor de 140/90 mmHg permanece um marcador crucial para o diagnóstico da hipertensão. As Diretrizes Brasileiras de 2023 e as recomendações do Ministério da Saúde enfatizam a importância do monitoramento preciso, tanto dentro quanto fora do consultório, para garantir um diagnóstico confiável e evitar as complicações graves associadas à hipertensão. Seja por meio de mudanças no estilo de vida ou de tratamentos farmacológicos, o controle da pressão arterial é vital para a prevenção de doenças cardiovasculares e para a promoção de uma vida saudável.
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